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Dep. Cabo Maciel |
Às vésperas da Copa do Mundo de Futebol, quando
milhares de turistas de diversas partes do mundo se deslocarão para Manaus, o
sistema penitenciário estadual continua sendo alvo de polêmica pelas
facilidades que favorece aos bandidos de diversos matizes, inclusive os
diretamente comprometidos com o tráfico de drogas e o crime organizado.
Ontem, em contundente pronunciamento na
Assembleia Legislativa, o deputado estadual Cabo Maciel (PR), presidente da
Comissão de Segurança da Aleam, detonou o sistema, confessando indignação com o
que viu em recente visita à Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa e a outros
presídios à mercê dos bandidos e com policiais e agentes penitenciários
relegados à própria sorte.
Com a solidariedade dos deputados José Ricardo
Wendling (PT) e Sidney Leite (DEM), Maciel disse não haver dúvidas sobre a
precariedade dos presídios, onde os valores se invertem. Os bandidos, na
realidade, dão as cartas, e os policiais e agentes apenas se submetem. “O que
prevalece nos presídios são as ordens que partem de dentro das celas”, afirmou
Cabo Maciel ao CORREIO DO ZACA.
O deputado garantiu que convidará o secretário de
Justiça, coronel Louismar Bonates, para acompanhar a Comissão da Aleam em nova
visita à Raimundo Vidal para ver in loco a situação de abandono e de terror
existente ali. “Os presos estão mandando nos diretores de presídios em todo o
Estado do Amazonas, eu tenho certeza, e é preciso dar um basta em tudo isso”,
enfatiza.
Secretário
de Justiça Louismar Bonates
De acordo com Cabo Maciel, os presídios hoje, na
capital e no interior do Estado, são totalmente comandados pelos bandidos a
serviço do tráfico e do crime organizado. Não é à toa que Manaus, por isso
mesmo, está sendo vista como a cidade do crime depois que levantamento de uma
Ong mexicana a classificou entre as 16 cidades mais violentas do País.
Nos presídios, por um lado, os bandidos ditam
normas de comportamento aos policiais e usam celulares à vontade, falando com
seus advogados ou tratando dos negócios relacionados ao tráfico.
Do outro, os agentes
penitenciários trabalhando em regime de escravidão, pela hora da morte, sem
nenhuma condição e expostos a sérios problemas de saúde em razão do ambiente
fétido e de total degradação onde atuam.